segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Bombeiros fazem greve de 24 horas


Médicos estão, alegadamente, a ser ameaçados com processos disciplinares e processos-crime para não passarem credenciais destinadas ao transporte em ambulância dos bombeiros
Os bombeiros portugueses estão a preparar uma «pseudo-greve» de 24 horas ao transporte de doentes programados, com excepção aos casos de hemodiálise e oncológicos, anunciou ontem Jaime Soares, na cerimónia dos 78 anos dos Bombeiros Voluntários de Montemor-o-Velho. Para 1 de Março, em Alverca, está marcada uma reunião com a Federação Nacional dos Bombeiros, na qual é esperada a participação das várias corporações do país para definir a estratégia da paralisação, que surge na sequência de alegadas pressões de uma unidade local de saúde sobre os médicos que passem credenciais para transportes em ambulância dos bombeiros.Jaime Soares, sem especificar a origem do caso, garante que há profissionais de saúde a sofrerem ameaças de «processo disciplinar» e até «processo-crime» se encaminharem os doentes para os serviços dos bombeiros.«É uma postura que altera em tudo o que está contemplado nos acordos entre a Liga e o Ministério da Saúde», criticou, acrescentando que a tutela está agir «por trás da cortina», através das unidades locais de saúde. De acordo com o presidente da Federação Distrital de Coimbra, o que se pretende é que os utentes recorram aos transportes públicos, com ressalva para os casos em que é necessária a maca, perdendo-se o direito ao tratamento «humanizado» dos bombeiros, lamentou, sem esquecer que, em certos pontos do país, nem sempre é fácil aceder ao autocarro ou ao táxi, especialmente durante a noite.«Deixa-se para os outros o rosbife e para os bombeiros o osso», criticou, não só preocupado com «a qualidade de vida dos cidadãos», mas reconhecendo que, perdendo os transportes, as corporações terão de proceder ao «despedimento de centenas de bombeiros e encostar muitas ambulâncias». Na opinião de Jaime Soares, a «tendência economicista em relação à saúde» revelada pelo Ministério vai trazer «prejuízos» às populações, que vão pensar que são os bombeiros que lhes estão a criar dificuldades». Por outro lado, quando estiverem perante um pedido de ajuda de um doente, «os bombeiros não vão deixar de fazer o transporte, mas vão começar a acumular prejuízos», lamentou.
(Diário de Coimbra)

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